Anatel diz que acesso a 3G no Brasil ainda é insatisfatório

O presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), João Resende, assumiu que existe um hiato entre os investimentos que as empresas de telefonia vêm fazendo e a quantidade de vendas que elas têm feito. "É preciso encontrar uma forma de corrigir esse déficit", disse, acrescentando que o acesso a dados ainda é insatisfatório no Brasil.

Resende lembrou que as operadoras não estão conseguindo atingir a meta prevista para o fim deste ano de 98% de êxito para as tentativas de conexão via internet móvel. O presidente da Anatel também assumiu ainda que serão necessários muitos investimentos para a implantação da tecnologia de internet móvel 4G no País. "Vamos ter que correr atrás desses investimentos. Vamos fazer esse acompanhamento", acrescentou.

De acordo com o diretor-executivo do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (Sinditelebrasil), Eduardo Levy, serão necessárias mais de 9.500 licenças para novas torres de celular para iniciar as operações em 4G. "E isso apenas para as 12 cidades-sede da Copa do Mundo (de 2014)", relatou. 

Mas a instalação das novas torres seria dificultada por causa das diferentes leis regionais no País. Segundo Levy há 250 leis restritivas para a implantação de antenas. "É preciso que se tenham regras claras, que possam ao mesmo tempo proteger o meio ambiente e garantir a segurança jurídica", afirmou. Ele citou leis de Brasília, Rio de Janeiro e Olinda (PE) como bons exemplos sobre o tema. 

Em contraposição à Anatel, o diretor-executivo do Sinditelebrasil apresentou dados de que, juntas, as empresas de telefonia investem todos os dias R$ 63 milhões no País. Segundo Levy, já são 259 milhões de chips ativados no País e 85 milhões de clientes com conexões de internet com banda larga. Ele acrescentou que 3.127 municípios contam com tecnologia 3G de internet, o que totaliza 87% da população coberta - um número muito superior à meta inicial do País, que era de 928 neste fim de 2012.

Levy também disse que a infraestrutura em um mercado como o nacional precisa ser ampliada todo o tempo para atender à crescente demanda. Ele calcula, por exemplo, que em 2020 serão realizadas dois bilhões de conexões de internet móvel. 

Resende e Levy participaram de audiência pública da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática para debater assuntos gerais às operadoras de telefonia.