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Sexta - 19 de Dezembro de 2003 às 11:50
Por: Observador

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Em mais de 200 países, cerca de 7,5 mil bancos estão interligados por uma rede que viabiliza transações como conversão de moedas, pagamentos de títulos e transferências de valores, tudo por meio do protocolo X.25 que tem sido usado nas últimas décadas.Mas recentemente a Society of Worldwide Interbank Financial Telecommunications (Swift) – uma cooperativa de grandes bancos internacionais que detém e opera uma rede homônima – considerou que o X.25, apesar de robusto e confiável, é um padrão para troca de mensagens obsoleto e pouco flexível. A direção da Swift optou então por migrar a rede para o protocolo IP.

A decisão acendeu uma luz vermelha nas instituições financeiras em todos os continentes: seria preciso atualizar as estruturas não apenas de conexão, mas de hardware e software ligados às operações da rede. O assunto ganha força neste momento no Brasil, porque a Swift utiliza um modelo de “janelas de migração”, em que durante um determinado período as atenções da instituição sediada na Bélgica se voltam a um país para que o processo seja concluído. No caso brasileiro, esse período vai de 27 de novembro a 24 de dezembro de 2003.

Passou da hora, portanto, de as equipes de TI e telecomunicações se mexerem para completar a migração dentro do prazo. Até porque, embora haja um período de tolerância até março de 2004, quem ainda estiver utilizando o protocolo X.25 depois disso pagará uma multa à Swift. E, no fim do ano que vem, a antiga estrutura será desativada e restará apenas a rede batizada de Swift IP Network (SIPN)

Outra mudança é que, até agora, a Equant detinha a exclusividade mundial para prover a conectividade entre os bancos em um modelo de subcontratação: as instituições fechavam contrato diretamente com a Swift, que por sua vez contratava a fornecedora. No bojo da migração para a plataforma IP, a cooperativa decidiu alterar esse formato.

As instituições financeiras ganharam a opção de contratar diretamente, escolhendo entre quatro “parceiros de rede” homologados: além da própria Equant, AT&T, Infonet e Colt (esta última não atua no Brasil). Mas o gerente de contas da Equant, Paulo Soares, acredita que a estrutura com mais de 45 pessoas dedicadas à cooperativa e o histórico de boa atuação devem permitir que a empresa continue a dominar a oferta desse serviço.

Custos salgados:

Todos os bancos terão de se preparar para a novidade, mas nem todos terão de fazer a conectividade diretamente pela Swift. Existem dois bureaus autorizados que prestam esse tipo de serviço no Brasil, a Financeware e a RTM. Como esses bureaus compartilham o hardware e software entre bancos menores, os investimentos necessários ficam bastante diluídos. Vários bancos que trafegam pequenas quantidade de mensagens – até 500 por dia – estão optando por esse modelo.

Mesmo assim, os custos de migração e de operar na nova rede causaram incômodo entre as instituições financeiras. “No início, os bancos questionaram. Afinal, tinham acabado de investir no SPB. Por que colocar dinheiro em outra rede logo em seguida?”, conta Gilberto Pacheco, presidente do grupo de usuários Swift da Febraban, que existe desde a década de 80 e congrega 86 bancos.

Na área de redes e conectividade, serão necessárias mudanças em roteadores, VPNBox e links. Para os clientes que possuem aplicativos de back office, como o software Merva da IBM, haverá a necessidade de adequação desses programas. Também existem gastos em infra-estrutura, como servidores de baixa plataforma e firewalls. Tudo somado, os investimentos dos bancos nacionais ficarão entre R$ 100 mil até mais de R$ 1 milhão, dependendo do tamanho da instituição.

Apesar das resistências, Pacheco avalia que a migração para a nova rede é uma necessidade. “No futuro os bancos vão colher o retorno de ter uma rede muito mais flexível, com possibilidade de trafegar novos serviços”, diz. “Os bancos estão reclamando do custo, mas pela importância que a Swift significa o investimento é baixo”, concorda Marcos Bonfá, diretor técnico da Financeware.

Por que migrar?

Com o X.25, a única aplicação que se tem hoje é a troca de mensagens entre bancos (chamada de FIN) e transferência de arquivos – sendo que este último serviço quase não é utilizado pelos bancos nacionais. Bonfá explica que, com a necessidade dos bancos de suportar aplicações em tempo real, como a Continuous Linked Settlement (CLS – uma iniciativa global para redução de riscos em pagamentos internacionais), o foco é prover suporte para essas funcionalidades. Os primeiros serviços disponíveis serão o InterAct, uma troca de mensagens interativas, e o FileAct, que é a troca de arquivos interativos e aplicações em tempo real.

Apesar das possibilidades que se abrem, em um primeiro momento os bancos brasileiros devem apenas migrar as aplicação FIN para a rede IP, sem nenhum impacto visível na aplicação final. No Brasil, todos os grandes bancos estão em processo adiantado de migração, enquanto os pequenos se conectam via bureau e não precisam se preocupar tanto.

Os 11 maiores bancos nacionais utilizavam o Merva da IBM, que serve de interface entre a rede e o sistema de aplicativos. Outros utilizam o Swift Alliance, da própria Swift, cuja migração será mais simples e não requer grandes investimentos. Algumas instituições financeiras, como o Unibanco, aproveitaram a atualização da rede para migrar do Merva para o Alliance.

Com investimentos da ordem de R$ 1,2 milhão para migrar sua estrutura de Swift, incluindo telecomunicações, informática e desenvolvimento de sistemas, o Unibanco destacou duas equipes para o trabalho – uma de rede e outra de software e integração de sistemas. Na conta dos gastos entra também o treinamento dos cerca de 250 usuários de Swift e investimentos em segurança.

O prazo também não é considerado confortável. “Se os testes não apresentarem maiores problemas, devemos migrar até dezembro. Porém sabemos que é uma janela curta”, diz Aurélio Ubirajara de Luccas, gerente de sistemas. “Ficou bastante desafiador completar a migração ainda este ano.”

Opções de middleware:

A nova estrutura de rede da Swift, baseada no protocolo IP, abre oportunidade para que empresas especializadas em soluções de interligação eletrônica ofereçam mais serviços e produtos para clientes do setor bancário. É o caso da Sterling Commerce, que aposta na solução Connect:Direct, voltada para a troca eletrônica de arquivos.

A Sterling desenvolveu o Connect:Direct 2.0, um software para ser utilizado após o processo de migração. Com a nova versão, os bancos poderão gerenciar e transferir seus dados por meio da rede IP da Swift. A empresa também fornece tecnologia para realizar uma conexão rápida entre os associados da Swift por meio do SWIFTAlliance Gateway (SAG).

SwiftNet

O que é a SwiftNet – é uma rede que interliga 7,5 mil bancos em todo o mundo, viabilizando certas transações financeiras;

O que está acontecendo – a cooperativa de bancos que detém a rede decidiu atualizar sua tecnologia, que era baseada no protocolo X.25 e passa a ser baseada em IP. Os bancos precisam investir para acompanhar a mudança;

O que muda – com a rede IP, novos serviços ficarão disponíveis para os bancos, como o InterAct, uma troca de mensagens interativas; e o FileAct, que é a troca de arquivos interativos e aplicações em tempo real.

Fonte: ComputerWord




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