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Sexta - 25 de Novembro de 2005 às 10:44
Por: escritor

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Cortes no orçamento e falta de experiência técnica foram os fatores que levaram ao atraso da implementação do projeto de utilização de software livre pelo governo federal, no processo conhecido como "migração".A opinião é de Marcelo Branco, um dos principais articuladores do movimento brasileiro pelo software livre, o Projeto Software Livre Brasil.

Branco trabalhou como consultor do governo federal, auxiliando na definição da posição oficial do país na Cúpula Mundial da Sociedade da Informação.

Apesar de crítico quanto ao que chamou de "recuo" e "lentidão" na adoção do software livre, por parte do governo federal, Branco afirma que está otimista e acredita que o projeto vá deslanchar, depois das recentes declarações de apoio ao software livre por parte da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef.

"Ela defendeu o projeto de implementação do software livre assim que assumiu a nova pasta e também os programas de inclusão digital", lembra ele.

Branco diz que faltou "sensibilidade por parte do ministro da Fazenda" ao contingenciar o orçamento para os programas que incluem a implementação do software livre, como os de inclusão digital Computador para Todos, Casas Brasil e Pontos de Cultura.

"No caso do Casas Brasil, foi lamentável cortar o orçamento, quando o Congresso, que é sempre tão conservador, aprovou recursos suficientes para a construção de 1.000 unidades. E agora, com os cortes, só vão ser construídas 90 neste ano", afirma.

As Casas Brasil são centros com computadores, conexão de Internet, estúdios multimídia e um espaço de acesso a informações sobre serviços governamentais.

Pontos de Cultura

Para Branco, o programa dos Pontos de Cultura, que também sofreu com o corte no orçamento, é um dos principais programas de inclusão digital do governo, porque leva a ferramenta "software livre" para o cotidiano das pessoas que produzem cultura.

"Quando alguém usa o software para fazer música, gravar, isso é mais do que um cursinho de informática. As pessoas não têm que só aprender a usar o software livre, mas usar a tecnologia no seu cotidiano. O usuário tem que ser um sujeito na rede", diz Branco.

Migração

Quando à migração para o software livre das máquinas usadas pelo governo, nos ministérios e empresas estatais, Branco tece críticas mais pesadas.

"Havia, no início do governo, um projeto de ter cinco ministérios migrados já no primeiro ano de governo. Hoje, as migrações são parciais e, mesmo assim, só no nível de rede. Não chegam ao usuário, o que usa o desktop", relata o especialista.

Branco acredita que faltou experiência técnica por parte da equipe que coordenou a migração no início do governo.

Além disso, ele lembrou que a migração dos computadores do governo também sofreu cortes no orçamento.

Para 2006, por exemplo, deveriam ser destinados R$ 200 milhões, segundo cálculos da área técnica. "Mas o ministério do Planejamento só alocou R$ 50 milhões", diz.

Para o articulador do PSL-Brasil, houve "queda de braço" entre gestores do governo, ligados ao Instituto de Tecnologia da Informação (ITI) e ao Ministério do Planejamento, o que atrapalhou politicamente o andamento da implantação do software livre ao longo deste ano.

"Além disso, a saída do ministro José Dirceu (da Casa Civil), um dos maiores defensores do software livre no governo, também fez com que houvesse um recuo na política de adoção do novo programa", aponta.

O especialista ressalva que, mesmo com os atrasos, o programa brasileiro de implementação do software livre ainda é o mais avançado do mundo. "Em termos de governos nacionais, não há nenhum com um projeto como o do Brasil", afirma.




Fonte: Agência Brasil

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